Chuto nos queixos

"...quatro províncias argentinas permitirão aos seus alunos seguir desde a sua sala e por televisão, os jogos da selecção albiceleste na Copa do Mundo na Alemanha. A decisão gerou um intenso debate numa sociedade em que o futebol é o referente de quase tudo (...) A corrente que circula a favor desta medida é suportada pelo governo, que vê nela uma boa forma dos jovens aprenderem as culturas dos países rivais. Pelo contrário, os críticos da medida sustentam que as metas da pedagogia (estudo, responsabilidade e sacrifício) não se enquadram nesta iniciativa, para além de afirmarem que anteriores experiências não tiveram sucesso..."

Segundo as escolhas habituais de Scolari, Portugal costuma actuar com 3 médios, dos quais 2 possuem características mais defensivas e um a missão ofensiva. De entre os eleitos, Scolari opta habitualmente por Costinha, Maniche e Deco. Esta é uma tripla de sucesso, eleita sobretudo devido ao fantástico FC Porto de 2004. Mas esse tempo já lá vai. Apesar destes jogadores manterem as suas características técnicas intactas, o seu nível físico não é o melhor. E nisto Portugal está no 8 ou no 80, isto é, ou jogam demasiados jogos ou jogam poucos. Costinha e Maniche não chegam juntos aos 1100 minutos, enquanto Deco possui nesta fase da época quase 1700 minutos de jogo. Esta discrepância faz-nos estranhar um pouco as escolhas de Scolari, e mais estranhamos se tivermos em conta o número de minutos jogados pelos outros convocados: Tiago leva já nas pernas 2373 minutos (!) e Petit leva 2174, ou seja, 4547 minutos correu esta dupla, 4 vezes mais que a dupla Maniche - Costinha!!!

Provavelmente, Scolari pretende incutir à selecção nacional o espírito de liderança e sacríficio que simbolizam Costinha e Maniche, no entanto, as selecções que fazem parte do nosso grupo quererão mostram serviço e para isso irão recorrer aos indíces físicos dos seus jogadores. Se Portugal não se mostrar na Alemanha com uma equipa sólida e fisicamente apta, irá ter decepções com equipas como Angola ou o Irão, pois estas irão correr quilómetros mesmo que sem grande objectividade. Quanto a mim, é mais provável que essa falta de objectividade aliada a um ritmo intenso dê em golos, do que o ritmo que pauta a selecção portuguesa: objectivo mas sem combustivel (leia-se disponibilidade física) para o propulsionar.

Eu a pensar que os 3 grandes iriam passar para as meias-finais da taça de Portugal e depois, o Benfica faz-me este desplante! Não se faz! Ainda para mais devido aos comentários de muitos benfiquistas que diziam "a seguir queremos o Sporting!, para nos vingarmos!". Esqueceram-se porém que era necessário ganhar o jogo dos quartos-de-final para isso acontecer.
Quanto ao jogo, a sorte e as boas arbitragens não andam definitivamente pelos lados da Luz, mas de qualquer forma, isso não é motivo para atitudes tristes que, infelizmente, vão sendo cada vez mais características por aqueles lados. O que não foi nada triste foi o suporte dos adeptos vitorianos, um exemplo de paixão e devoção pelo clube minhoto!

Sobre o Marítimo - FC Porto, a arbitragem também não foi das melhores, mas neste caso, o árbitro soube "compensar" o que fazia de errado. Não é assim que deve ser, mas sempre fica com a típica fuga do "ao menos ninguém foi prejudicado".
Finalmente, o Sporting continua na senda das vitórias, com Nani a exibir uma vez mais os seus dotes ginásticos após a obtenção de mais um golo. Por Setúbal, o Vitória local marca novamente presença nas meias-finais da taça. Destaque final para um cartaz que um adepto levou para o jogo Setúbal - Boavista, no qual se lia "Vitória, dás-me tesão". Weird.

Os catalães estão ao rubro. Saiu-lhes em sorte a equipa que mais queriam e agora têm toda a confiança para seguir em frente na Liga dos Campeões. Este inquérito do jornal catalão Sport, ao qual votaram 12500 pessoas, é elucidativo:


No mesmo jornal, o ex-jogador e agora treinador Bernd Schuster afirma sobre o Barcelona:


No jornal madrileño AS, o inquérito era outro, mas também não deixa de ser demonstrativo da confiança que reina em Espanha sobre o Barcelona (neste inquérito existiram mais de 40 mil votos):


Oxalá o orgulho tome conta deles e o Benfica consiga fazer o seu jogo, provando que é na prática que se ganham os jogos e que no final, vencem as equipas e não as suas estrelas.

O que são afinal os hooligans? Desde arruaceiros a bebâdos, tudo serve para ilustrá-los. Ah, e têm que ser ingleses ou holandeses.

Sejamos sinceros, os hooligans existem em todo os clubes que arrastam atrás de si grandes massas de adeptos. Como qualquer grupo que fica maior, também no futebol, quanto maior for o grupo de adeptos, mais possibilidades existem que entre eles se encontrem deturpadores da ordem pública. O que não se admite é dizer-se que os hooligans são única e exclusivamente da Holanda ou do Reino Unido. Esta definição gratuita é fruto, em grande parte, da tragédia de Heysel que a Europa do futebol não esqueceu e condenou. Mas agora pergunto eu, não serão piores que hooligans aqueles que deturpam a verdade desportiva através de práticas ilícitas como a corrupção ou o doping? O Marselha de 1991, uma celebérrima equipa que maravilhou a Europa do futebol era, passado todos estes anos de acusações e de casos judiciais, uma equipa feita nas malhas criminosas e, por isso, tão má ou pior como os hooligans arruaceiros e destruidores de bares. Mas não, as condições do estádio belga em 1985, aquando a tragédia, não eram seguramente as melhores e, no entanto, foram os hooligans e a federação inglesa os condenados.

Passado todo este tempo, ainda são os mesmos ingleses os hooligans, quando na realidade, são simplesmente os melhores adeptos que um clube pode ter. Por muito que isto custe à nossa mesquinha mentalidade, os cânticos que se fizeram ouvir em Liverpool no passado Liverpool - Benfica, são o que de melhor pode ter o futebol. Arrepia ouvir todo um estádio a cantar, intimida o adversário e contribui para um espectáculo que entretêm - afinal o grande objectivo do futebol actual. Pena é que os nossos mesquinhos dirigentes não vejam isso, apoiando e criticando as claques portugueses conforme a situação que melhor lhes serve. Também as claques portuguesas merecem respeito e como tal, também merecem ter limites. Que se saiba ver isso e que não se saiba só criticar, afinal, o grande vício dos portugueses.