Sunday, April 16, 2006

 

Selecção Nacional

Análise 2: Ataque

Esta segunda análise à selecção portuguesa invoca um sector do campo em que a selecção portuguesa tem revelado diversos problemas e falta de soluções: a linha avançada. Comparativamente ao meio-campo, nota-se um descréscimo de qualidade dos interprétes no ataque, onde os jogadores lutam nas suas respectivas equipas apenas por objectivos domésticos. Falta pois, um avançado de nível europeu a Portugal, alguém que seja cobiçado pelos seus dotes de goleador. Desde Fernando Gomes que Portugal não possui um ponta-de-lança referência, trocando-se isso por diversos jogadores que sempre foram vistos como avançados e não como pontas-de-lança. É aqui que reside o problema crónico da selecção nacional.

Passemos agora à análise individual, começando por Pauleta: o açoriano tem-se mostrado um goleador nato, com um sentido de baliza invulgar e com um grande instinto "matador", contudo não é um grande avançado. Isto porque é tremendamente irregular nos grandes confrontos, alheando-se desses jogos para depois surgir em grande nível nos jogos contra adversários teoricamente mais fáceis. Um dos grandes jogos que Pauleta fez por Portugal foi contra a Holanda em Eindhoven, porém isso já aconteceu há mais de 4 anos. No Mundial de 2002, Pauleta esteve em grande no jogo contra a Polónia, mas aposto que os portugueses trocariam hoje de bom grado esses 3 golos num só jogo por 1 golo em cada jogo da fase de grupos. Esta irregularidade nos grandes confrontos entra em conflito com outro avançado: Nuno Gomes. O jogador benfiquista, ao contrário de Pauleta, mostra-se mais nos grandes jogos, enquanto que nos mais acessíveis e em que se poderia mostrar mais, desaparece misteriosamente. A seu favor tem o facto de saber jogar muito bem com outro avançado, mas por outro lado, essa é também a sua principal lacuna, pois se não tiver ninguém a jogar ao seu lado, torna-se inoperante. Assim, no esquema da selecção nacional em 4-2-3-1, Nuno Gomes dificilmente cabe.

Quanto às outras opções, Postiga, Almeida e Vaz Tê são jogadores ainda em crescimento, que vão realizando a sua época com altos e baixos, mas como é fácil de observar, se houvesse um manancial de avançados como possui o Brasil, estes jogadores não eram sequer pensados como opções. Aqui se percebe melhor o nosso problema atacante.

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Claro que nem tudo é negativo nesta gritante falta de avançados, pois poucas selecções podem-se dar ao luxo de possuir extremos como os portugueses. Estes extremos possuem uma cultura táctica que os incentiva a jogar muito perto do avançado, talvez devido à pouca eficiência deste. Isto torna jogadores como C. Ronaldo, Figo ou Boa Morte em activos muito cobiçados, exactamente devido à forte finalização que precisam de ter devido à pouca produtividade dos avançados portugueses.

Num último aspecto, é interessante de comparar os avançados portugueses com os melhores marcadores das melhores ligar europeias. Pauleta até está relativamente perto de Henry, Toni e Eto'o, contudo a eficiência destes à boca da baliza é algo de incrível, o que lhes permite facturar golos com uma regularidade abismal (de quase um golo por jogo).


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