Chuto nos queixos

Sporting CP 2-3 Halmstads BK

Bem, desta é que Peseiro "barrascou" a sério. O vice-campeão da UEFA perder no seu próprio estádio uma eliminatória na qual trazia uma vantagem de 2-1 é simplesmente inacreditável. Ainda para mais contra os Halsmtads, que por muito bem organizados que sejam, encontram-se em 10º lugar no campeonato sueco (em14 equipas participantes) a 17 pontos do líder.
Resultado absurdo, treinador azarado e jogadores desmotivados podem ser as explicações para o desaire, mas para quem viu o jogo a ideia que dá é que o resultado foi justo, o treinador é incapaz e os jogadores são indisciplinados.
Se Peseiro continua, o unico pensamento que me ocorre é "piores dias virão".

FC Porto 2 - 3 FC Artmedia Bratislava

Resultado incrível este. E ainda mais se tivermos em conta que o Porto esteve a ganhar por 2-0. De uma maneira eficaz e muito fria, os rapazes da Eslováquia conseguiram fazer 3 golos em 4 remates (o que não entrou foi para fora). Não se pode dizer que estes eslovacos jogaram à italiana, pois a sua defesa era bastante permeável aos movimentos e desmarcações dos avançados portistas, como comprovam os dois golos marcados e para aí uns 5 falhados, alguns de forma escandalosa. Contudo, o seu contra-ataque foi do mais eficaz que já vi, superando os defesas portistas em velocidade e em resistência. Vitória injusta para uns, vitória da eficácia para outros. Seja como for, os parabens ao Artmedia, que não teve medo do Porto, soube respeitá-lo e também soube dar-lhe a volta.
Na Liga dos Campeões, mais do que noutra competição qualquer de clubes, quem não marca...sofre. Antes estava habituado que isso acontecesse com equipas de topo como Real Madrid ou Milan, contra as quais as equipas portuguesas costumavam falhar as poucas oportunidades que tinham e depois saíam invariavelmente derrotadas. Pelos vistos até com equipas de menor dimensão como o Artmedia isso já acontece, o que demonstra uma clara evolução na competitividade do futebol europeu.

Luis Fabiano foi dos reforços mais falados dos últimos anos para o futebol europeu. Internacional brasileiro, grande goleador e possuidor de uma técnica fantástica, sobre ele correram notícias do interesse de grandes clubes europeus quando ainda jogava no Brasil. Acabou por ingressar no FC Porto em 2004, chegando com a alcunha de "fabuloso".
Com uma época para esquecer no futebol português, Luis Fabiano ingressou no futebol espanhol em 2005, saindo revoltado com a nossa Superliga, dizendo que era só porrada e chuto para a frente. Agora no Sevilha e no que muitos consideram o melhor campeonato do mundo, Fabiano continua a mostrar a sua arte de mal jogar na Europa, como demonstra a entrevista que achei na edição de hoje de um jornal espanhol. Nela Fabiano pede paciência aos sócios e acrescenta que todos os avançados têm maus períodos e que só lhe tem faltado um pouco de sorte na finalização.
Ora bem, eu também vi este filme aquando a passagem de Fabiano nas Antas e, para mim, este jogador "fabuloso" não vai a lado nenhum na Europa. Em breve estará no Brasil a marcar novamente muitos golos, visto que lá não há chuto para a frente nem porrada. Esta será a fábula do fabuloso Fabiano que nunca se ambientou ao nível competitivo da Europa. Esperem para ver...

O Lder tocou num assunto que para mim tem bastante interesse: o da formação de jogadores. Nesse aspecto, Portugal está num patamar muito superior pois produz excelentes jogadores em qualidade e quantidade. Excepto avançados. Aí o sector de formação continua a não dar frutos, seja pela normal aptidão do jovem jogador português para recuar no terreno e procurar assistir em vez de ser assistido, seja pelo facto de se apostarem nos avançados brasileiros em detrimento dos portugueses. O resultado vê-se na selecção onde não há avançados de classe mundial (assunto já referido em posts anteriores) mas onde imperam os médios de enorme talento. E o mesmo se passa nas nossas selecções jovens, onde temos médios excelentes como Varela, Nani, Moutinho, Hugo Viana, M. Fernandes, Ivanildo, Quaresma, entre muitos outros que contrastam com a escassez para a linha avançada, local onde se destaca Ricardo Vaz Tê e... mais ninguém. Não admira esta situação, pois este sempre foi um problema crónico, que se agravou pela escolha de Scolari jogar em 4-2-3-1 na selecção principal, ou seja, isso teve um impacto imediato nas nossas selecções jovens, que seguem o modelo de Scolari para, dizem eles, o processo de adaptação do jogador jovem à selecção principal seja rápido e eficaz.

Este processo de adaptação foi completamente ultrapassado por um jogador: Cristiano Ronaldo. O menino que é paixão de tantas meninas da geração "Morangos com Açúcar", esteve um ano na selecção sub-21 (na altura o madeirense tinha 17-18 anos) e daí saltou imediatamente para a selecção principal, afirmando-se como um dos jogadores mais importantes da equipa das quinas. Agora o miúdo tem 20 anos e supostamente ainda deveria andar pela selecção sub-21, isto se não fosse um dos maiores talentos que Portugal já produziu. Contudo, há ainda quem ponha em causa a maturidade do jogador, dizendo que a idade ideal para a maturação de um jogador é entre os 25 e os 29. Antes dos 25 é novo, depois dos 29 é velho. Pois eu acho que o número de jogos disputados é o principal indicador para a maturação de um jogador. Senão vejamos, para aqueles que acham Ronaldo um jogador imaturo, é bom saber que ele já leva 96 jogos pelo Manchester United, aos quais se juntam 25 jogos realizados pelo Sporting e 24 pelas selecções portuguesas. Conclusão: perto de 150 jogos enquanto profissional. Se tivermos em conta que o João Vieira Pinto leva perto de 600 jogos como profissional, mas tem mais 15 anos que Ronaldo, é fácil observar que Ronaldo é já um jogador completamente profissionalizado e maduro, e que seguindo a este ritmo, será porventura daqui a 10 anos, dos jogadores com mais jogos nas pernas a actuar em solo europeu. A ver vamos...

Não é recente a falta de avançados de qualidade na nossa selecção. Desde Fernando Gomes na década de 80 que Portugal não tem um grande talento na frente do ataque. Desde ele, passaram pela equipa das quinas bons jogadores como João Pinto, Domingos, Cadete, Sá Pinto, Nuno Gomes e Pauleta, entre outros, mas a realidade é esta: nenhum destes (por muito bom jogador que tenha sido), esteve alguma vez ao nível dos rapazes do meio-campo como Figo, Rui Costa, Paulo Sousa ou Rui Barros. Estes foram todos campeões europeus e atingiram no estrangeiro uma fama que só João Pinto esteve perto de alcançar. O facto de não ter saído para o estrangeiro no momentos certo acabou por tornar um dos maiores talentos futebolísticos que Portugal já teve numa promessa constantemente adiada. Ressentiu-se disso o Benfica (que o aturou durante anos a fio em constante má forma) e a selecção.

Para o futuro, vejo Ricardo Vaz Tê e Hugo Almeida como os jogadores ideais para a selecção. São altos, fortes no jogo de cabeça e também jogam bem com os pés, mas melhor que tudo, são esclarecidos, algo que sempre faltou à selecção lá na frente. É pena o Liedson e o Miccoli não serem da selecção...

Mais um blog sobre futebol. O objectivo é claro: ganhar. E para isso quanto mais se pisar o adversário, melhor. Podemos também insultá-lo. Mas se assim fôr, que seja com coerência e não com impropérios baratos que se ouvem pela 2ªB. Aparte isto, o meu clube continua a ser melhor que o teu...